domingo, 22 de abril de 2007

DECAEDRO V, VI, VII.

V


Sonho
Sonho com o cálice de cristal
Brilhante e incólume
Suspenso no ar pelas mãos dos amantes
Luzes se multiplicam nos prismas
Refletem a vida contida ali.
Ah, lindo cálice sagrado
Cada gota do doce vinho escorre
Silenciosa por teu perfil
Brinda o amor e suas faces
Milhares de cores
Juras sem fim
Quisera eu cristalizar o sonho
No parado tempo sem estrela,
Sem sol, nem lua.
Para não ter de ver estilhaçado
E chorar a saudade que bebi em ti.
VI


Velo teu sono, meu amado
Torno infinito os minutos do despertar
Em tua face pouso a mão
Sinto tua pele entrar em mim
Dormes, e vivo em sonhos
Antes que os olhos da manhã se abram
E eu descubra que não estivestes aqui.
VII



Sacode o dia a poeira da verdade
Espreguiça os braços e
Verte a seiva de concreto armado.
O solo racha as veias da vida,
Queimam os olhos de luz,
Estremece a realidade.
Não mais sonhar,
Não mais dormir.
Arregala a visão ao inevitável
Chove a razão
Arrasa o acaso.

5 comentários:

Anne M. Moor disse...

AMOR BASTANTE (Paulo Leminski)

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Tempestade de sentimentos.
Boa semana pra ti!

Walmir Lima disse...

A dor que dói da ausência
se dobra à dimensão do amor
de quem cria o poema.

Celina Alcantara Brod disse...

"E chorar a saudade que bebi em ti"
Gostei...muito diz tudo.. beijos t amo

Ernesto Dias Jr. disse...

É a saga de uma alma. Estou colecionando.