sábado, 18 de agosto de 2007

ONDE ESTAVA

- E ai amiga, por onde andavas?
- Não andava, dormia.
Dormi. Hibernei em uma viagem interna que jamais havia vivido antes. Encontrei imagens esquecidas e empoeiradas. Refiz caminhos, me vi desnuda em uma sala de espelhos.
Meu gato e minha cachorra não cansam de me olharem de canto de olho, totalmente perdidos com as minhas mudanças e loucuras, ou estou trocando caixas de lugar, ou paralisada, muda, olhando cada pedaço de mim.
Retorno ao meu trabalho e a mim mesmo, mulher que eu gosto, cheia de contradições, mas muito inteira nas minhas escolhas das quais sou fiel e um tanto irracional para alguns.
Não sei viver sem o amor. E ele sempre está lá em tranqüila certeza de sobrevivência. Contra tudo e contra todos, ele se assentou na minha carne e nos meus cheiros, como parte de mim. Meus passos determinados soam em tons de bolero onde dança comigo.
Mas não posso impedir as transformações, este remexer de areias que em blocos se reacomodam e não perdem sua mania de voar ao sabor do vento. Sobrevivendo a dor venho me criando e recriando, desfazendo velhas costuras. Tem momentos que me sinto como num SPA elegante, os períodos de banhos quentes perfumados se misturando à camas de tortura com choques elétricos e sucessivas loucuras.
Cada minuto de sobrevivência é acompanhado pelo silêncio, premio pela rebeldia de teimar em ser feliz.

16 comentários:

Anne M. Moor disse...

Ora te vejo como dantes... feliz. Outras vezes desfeita tentando achar os fios... Mas estás chegando lá... Lá onde reina a paz.
E essa tua busca é minha tbm... Os fios da minha trama se emaranham e oscilam entre paz e desespero. Mas chegamos...
Bjão Amiga.

Maria disse...

É esta certeza que nos faz amigas!

Anne M. Moor disse...

Com certeza (no pun meant... :-)) Das poucas certezas que temos na vida é que viveremos...

Walmir Lima disse...

Teimosia bonita,
Essa da sobrevivência,
Resta sempre a certeza
De que valeu a experiência.

zuleica-poesia disse...

Percebo que você deve ter sofrido uma grande perda. Será que a dor de qualquer grande perda é igual? Espero que seu coração repouse e encontre a paz.

Anne M. Moor disse...

Amiga
Por onde estejas
rodando pelas estradas
deste Rio Grande,
ou no aconchego de D. Lourdes,
volta...

As saudades imensas
fazem um vão no ombro
amigo...

Walmir Lima disse...

Saudades, Maria.
Venha 'Sonhar e Voar' conosco.
Um beijão.

Flavio Ferrari disse...

Sumiste ????

Jorge Lemos disse...

No silencio,
o verdadeiro encontro:
Calmo o espelho azul do céu
reflete
os momentos da grande caminhada.
O que atrai o poeta? É a alma
em silêncio!

Anne M. Moor disse...

Desististe do blog e de NÓS??????????????????????????????

Anne M. Moor disse...

AMiga
Dor é sentir o fim
com garras de aço
Dor é olhar nos olhos
da mentira
Dor é experiençar
a impotência do sentir
Mas...
Dor também é
viver
recomeçar
olhar nos olhos da verdade...

Estamos aqui contigo emanando forças pra recarregar as tuas baterias...
Beijão

Jorge Lemos disse...

Onde andas?
Apareça, Maria!

Jorge Lemos disse...

"Já se faz tarde,
sua presença clamo
movido pela saudade!"

Mostre-se Maria!

Maria disse...

Belas saudades, que docemente me despertam. Estive num momento profundo encontro, onde só me permetia a total solidão.Momentos de profunda dor, outros de profunda inércia, mas vividos até o ultimo gole, onde ,finalmente encontrei ,por entre as borras do fundo da taça de vinho, eu mesma.
Aos poucos escrverei esta viagem. As imagens ainda se confundem, mas as emoções são tão vivas que poria recria-las em toda sua beleza de detalhes. Apenas amanheço. Espreguiço os braços e vou sair por ai para visitar vocês.
Sobrevivi!

Jorge Lemos disse...

Todos os dias renascemos.
Hoje, talvez, sem lenço para exugar as lágrimas ou sem documentos para não mostrar a face inteira, não importa.
A porta é sempre a mesma; a que nos vê sair e a mesmo que nos vê
entrar. A pintura desta porta se desgasta com o tempo, mas sempre pródiga se mantem entreaberta a nossa espera.
Não ha fugas quando buscamos pelo pensar unir e soldar os elos que, em algum ponto, se romperam.
Saimos sempre fortalecidos para viver o nosso momento.
Bom sentir vc ai, inteira.

Magistral: as "belas saudades que docemente me despertam"!

Anne M. Moor disse...

VIVA!!!!!!!!!!! Tão bom te ver brincando com as palavras de novo. Welcome back!!!